domingo, 28 de novembro de 2010

29 de Novembro - Niver Mamae

Coloquei o filtro da arte naquela cena comum,
e a luz, (que até então estava escondida)
veio surpreender-me com seu poder de claridade.


A mulher simples, mãos calejadas de lida rotineira,
mulher que aprendeu a curar as dores do mundo
a partir de meus joelhos esfolados de quedas e estrepolias.

Aquela mulher, minha mãe,
rosto iluminado pela labareda que tinha origem num fogão,
trazia consigo o dom de me devolver a calma,
que a vida tantas vezes insistiu em me roubar.


Aquela cena: mulher, um fogão aceso,
panela escondendo a brancura de um arroz feito na hora.
É uma das cenas mais preciosas
que meu coração não soube esquecer.

Saudade de mãe é coisa sem jeito, chega quando menos
imaginamos: um cheiro, uma melodia, uma palavra... uma
imagem, e eis que o cordão do tempo,
nos convida ao retorno da infância.


Como se um fio nos costurasse de novo ao colo
da mulher que primeiro nos segurou na vida
e agora nos pudesse regenerar.
Saudade de mãe é ponte que nos favorece
a um retorno a nós mesmos;
travessia que borda uma identidade muitas vezes
esquecida, perdida na pressa que nos leva.


Saudade de mãe é devolução,
é ato que restitui o que se parte;
é luz que sinaliza o local do porto,
é voz no ouvido a nos acalmar
nas madrugadas de desespero e solidão,
através de uma frase simples:
Dorme meu filho! Dorme!


Hoje, nesse dia em que a vida
me fez criança de novo,
neste instante em que esta cena feliz
tomou conta de mim,
uma única palavra eu quero dizer:


Oh minha mãe, que saudade eu sinto de você!

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